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segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Liberdade aos presos cubanos nos EUA


CHAMADO INTERNACIONAL PELA LIBERDADE DOS CINCO CUBANOS PRESOS NOS EUA


Assine a carta da Campanha Internacional pela libertação dos 5 heróis cubanos

CHAMADO INTERNACIONAL PELA LIBERDADE DOS CINCO CUBANOS PRESOS NOS EUA
Campanha Internacional pela Libertação dos 5

RELANÇAMENTO DO CHAMADO INTERNACIONAL PELA LIBERDADE DOS CINCO CUBANOS PRESOSNOS EUA



 Em 4 de junho de 2008, os três juízes do 11º Circuito de Apelações de Atlanta tomou a injusta decisão de ratificar os vereditos de culpa dos Cinco, mas o processo de apelação ainda segue em curso.
Dado que no dia 12 de setembro de 2008 se cumprirão dez anos de sua prisão, relançamos este chamado, de novembro de 2007, já subscrito por importantes personalidades, e convocamos a somar novas assinaturas e intensificar nossas ações para que o mundo, especialmente o povo estadunidense, reconheça a injustiça cometida contra esses homens, que ao proteger Cuba do terrorismo se levantaram pela defesa dos interesses e da segurança dos próprios estadunidenses e de toda a humanidade!
 LIBERDADE PARA OS CINCO CUBANOS PRESOS NOS ESTADOS UNIDOS!
“Há mais de nove anos, cinco cubanos permanecem presos nos Estados Unidos. Pesam sobre eles extensas penas, resultado de um julgamento político, celebrado na cidade de Miami. Os Cinco ajudavam a monitorar planos terroristas organizados contra Cuba desde a Flórida por grupos cubanos de ultra-direita.
O Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas declarou sua detenção como arbitrária, e uma comissão de três juízes encarregada de examinar o caso pela Corte de Apelações de Atlanta decidiu, por unanimidade, declarar o julgamento como não válido e indicar a revogação das sentenças ditadas em Miami. Posteriormente, o pleno da Corte – em votação dividida – revogou essa decisão. Neste momento o caso segue em apelação.
Os Cinco permaneceram isolados em prisões de segurança máxima, sob cruéis condições de reclusão, violando seus direitos humanos e as próprias leis estadunidenses. Dois deles foram privados do direito de receber visitas de suas esposas.
Somamos nossas vozes a todas aquelas que, no mundo, exigem o fim imediato desta enorme injustiça. Não devemos evadir-nos desse empenho até que a verdade abra caminho e esses homens retornem a seu país e a suas famílias.”
O Inverta conclama:
LIBERDADE PARA OS CINCO CUBANOS PRESOS NOS ESTADOS UNIDOS!
LIBERDADE PARA TODOS OS PRESOS POLÍTICOS DO IMPÉRIO!
Para assinar o chamado, acesse http://www.liberenlos5.cult.cu

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Documentário sobre Marighella


Quem samba fica, quem não samba vai embora.

Espaço de divulgação do documentário Carlos Marighella – quem samba fica, quem não samba vai embora.
Carlos Marighella – quem samba fica, quem não samba vai embora é uma homenagem ao centenário de nascimento de Carlos Marighella (5/12/1911 – 5/12/2011), um dos principais militantes políticos da história recente brasileira.
Do cineasta independente Carlos Pronzato, o documentário, que será lançado em dezembro, reúne depoimentos de militantes políticos que atuaram junto ao líder revolucionário. A produção é o resguardo e difusão da sua memória resgatando o testemunho daqueles que acompanharam trajetória do Velho Mariga.
Antes mesmo de finalizado, o documentário já tem exibição garantida em eventos na Bahia, São Paulo e no Rio de Janeiro.

Marighella por Jorge Amado


MARIGHELLA SEGUNDO JORGE AMADO:
(Bahia de Todos os Santos–27ª. Edição–1977–Jorge Amado)
AQUI INSCREVO SEU NOME DE BAIANO...
 
Seu nome ressoou, pela primeira vez, no brilho da inteligência invulgar e na graça de moleque nascido nas ruas da Bahia, quando, estudante de Engenharia, redigiu em versos uma prova de matemática. Comentou-se na cidade a inspiração e a verve do acadêmico. Talento e informalidade marcaram para sempre seu perfil belo e másculo, sua face pura.
Líder estudantil, ainda adolescente foi tomado preso, cumpriu dez anos de prisão, entre as grades passou a juventude. Não perdeu o ânimo nem o riso, não se fez amargo. Sabia rir como pouca gente no mundo soube fazê-lo, riso franco, sadio, confiante.

Fraterno amigo, desde os dias de primeira juventude, na Bahia; depois, num longo quotidiano de esperança e desespero, no comício, no jornal, debruçado sobre os livros e sobre a vida, em meio ao povo ou nas bancadas da Câmara dos Deputados. Na chata solenidade legislativa, repontada no deputado ativo e responsável o espírito de moleque baiano, do estudante da Escola Politécnica. Subia a tribuna, punha em pânico os parlamentares. Juntos escrevemos vários discursos, lidos por outros. Num deles, enorme, passamos em revista todos os problemas do país. Pronunciado com extrema dignidade por Claudino José da Silva, único deputado negro da Assembléia Constituinte de 1946, durou quatro horas. As palavras eram pedras e raios; o tempo passava, o discurso prosseguia, eterno. Mesmo os mais reacionários ouviram em silêncio, não tiveram coragem de abandonar a sala.

Dentro dele a ternura a ira. Conhecia de perto a miséria e a opressão mas conhecia também a força e a capacidade de resistência do povo. De quando em vez releio seus poemas, sabiam que ele foi poeta? Ternura e ira em seus poemas simples, claros, brasileiros. Sendo homem de ação mais que um teórico, a poesia marcou cada instante de sua vida. Tudo nele era sincero, digno e puro.

Se errou, o fez na busca de acertar. Em certa tribuna ilegal eu o vi chorar, como um menino órfão, quando o ídolo ruiu, rotos os pés de barro. Eu estava vazio por dentro, pois soubera antes e lhe contara; não acreditou. Ao ter a prova, ficou siderado, durante certo tempo perdeu a graça e o riso; no meio do povo os recuperou. Manteve até o fim o bom humor e a pureza; amadureceu sem deixar de ser o estudante adolescente: mestiço de sangue negro e sangue italiano, como Dorival Caymmi, mistura de primeira.

Morreu numa emboscada. Deixou mulher, irmãos e filho, deixou inúmeros amigos, um povo a quem amou desesperadamente e a todos legou uma ação de invencível juventude, de inabalável confiança na vida e no humanismo.  Retiro da maldição e do silêncio e aqui inscrevo seu nome de baiano: Carlos Marighella.


MARIGHELLA: POETA & LIBERTÁRIO (Extraído da Coletânea: Uma prova em versos e outros versos de Carlos Marighella

LIBERDADE

Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em fervido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importante.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.
(São Paulo, Presídio Especial, 1939).

Foto ilustração: Google.


Bahia homenageia 100 anos de Marighella


DO BAHIA TODO DIA | 1/11/2011 | 13h34


Familiares e ex-companheiros, com o apoio da Comissão de Anistia e do Grupo Tortura Nunca Mais/BA, reúnem personalidades políticas, intelectuais, artistas e representantes de entidades e movimentos sociais para prestar homenagem ao líder revolucionário baiano Carlos Marighella, tido pelo governo militar como inimigo número um da ditadura, que completaria no próximo dia 5 de dezembro cem anos de nascimento. Um ato público marcará o início das comemorações pelo Centenário.

O evento acontece na próxima sexta-feira, 04 de novembro, a partir das 16h, no Cemitério de Quintas, em Salvador, onde se encontra o túmulo de Marighella, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, amigo do homenageado.

Carlos Marighella foi assassinado em São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969, por agentes do DOPS, órgão responsável pela execução de muitos opositores do regime militar, e seus restos mortais foram trazidos para Salvador em 10 de dezembro de 1979 – Dia Universal dos Direitos do Homem, logo depois da promulgação da Lei de Anistia, em cerimônia que teve a presença e participação de centenas de pessoas para ouvir a leitura de uma mensagem escrita por Jorge Amado, amigo de Marighella e seu companheiro na bancada comunista da Assembléia Nacional Constituinte e na Câmara dos Deputados entre 1946 e 1948, lida na ocasião por Fernando Santana.

No atual momento cresce no Brasil um amplo movimento de reconhecimento histórico, que atribui a Marighella papel importante na derrota da Ditadura de 1964 ao tempo em que identifica o seu perfil político como de autentico herói nacional. Nesse contexto foi recentemente lançada a campanha PRO-MEMORIAL MARIGHELLAVIVE que pretende levantar recursos para  construir em Salvador- Bahia um Memorial dedicada a difusão do pensamento político de Marighella e destacar sua coerência como valor de inspiração da juventude brasileira.

Espera-se a presença da companheira e viúva Clara Charf e do filho de Marighella, Carlos Augusto. Também estará presente o jornalista e deputado Emiliano José, que dedicou a Marighella um dos seus livros de maior sucesso, bem como o vereador Italo Cardoso, representando a Câmara Municipal de São Paulo que recentemente concedeu a Marighella o titulo “post mortem” de cidadão paulista.  A Comissão de Anistia será representada pela Conselheira baiana Ana Guedes, militante política integrante do GTNM da Bahia.

QUEM FOI MARIGHELLA:

Nascido em Salvador, na Bahia, Marighella ficou conhecido pelo seu talento de estudante fazendo provas em versos no Colégio Central. Aos 18 anos iniciou curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e tornou-se militante do Partido Comunista.

Conheceu a prisão pela primeira vez em 1932, após escrever um poema contendo críticas ao interventor da Bahia. Em 1932 muda-se para o Rio de Janeiro. Em 1º de maio de 1936

Marighella foi novamente preso e enfrentou, durante 23 dias, as terríveis torturas da polícia.
Permaneceu encarcerado por um ano sendo solto pela “macedada” – nome da medida que libertou os presos políticos sem condenação. Transferindo-se para São Paulo, Marighella passou a agir em torno de dois eixos: a reorganização dos comunistas, duramente atingidos pela repressão, e o combate ao terror imposto pela ditadura de Getúlio Vargas.

Voltaria aos cárceres em 1939, sendo mais uma vez torturado de forma brutal na Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) de São Paulo, mas se negando a fornecer qualquer informação à polícia. Recolhido aos presídios de Fernando de Noronha e Ilha Grande pelo seis anos seguintes, ele dirigiria sua energia revolucionária ao trabalho de educação cultural e política dos companheiros de cadeia.

Anistiado em abril de 1945, participou do processo de redemocratização do país e da reorganização do Partido Comunista na legalidade. Foi eleito deputado federal constituinte pelo estado da Bahia. Com o mandato cassado pela repressão que o governo Dutra desencadeou contra os comunistas, Marighella foi obrigado a retornar à clandestinidade em 1948, condição em que permaneceria por muitos anos.

Nos anos 50, exercendo novamente a militância em São Paulo, tomaria parte ativa nas lutas populares do período, em defesa do monopólio estatal do petróleo e contra o envio de soldados brasileiros à Coréia e a desnacionalização da economia.

Cada vez mais, Carlos Marighella voltaria suas reflexões em direção do problema agrário, redigindo, em 1958, o ensaio “Alguns aspectos da renda da terra no Brasil”, o primeiro de uma série de análises teórico-políticas que elaborou até 1969, incluindo temas que expressavam a  importância da paz e do socialismo e a partir de 1959 defesa da Revolução Cubana, vista por Marighella como um exemplo para a America Latina. 

Em 1960 participa ativamente das homenagens que foram prestadas a Che Guevara no Brasil. Após o golpe militar de 1964, Marighella foi novamente preso. Repetindo a postura de altivez das prisões anteriores, Marighella fez de sua defesa um ataque aos crimes e ao obscurantismo que imperava desde 1º de abril. Conseguiu, com isso, catalisar um movimento de solidariedade que forçou os militares a aceitar um habeas-corpus e sua libertação imediata. Desse momento em diante, intensificou o combate à ditadura utilizando todos os meios de luta na tentativa de impedir a consolidação de um regime ilegal e ilegítimo.

Na ocasião, Carlos Marighella aprofundou as divergências com o Partido Comunista, criticando seu imobilismo. Em dezembro de 1966, em carta à Comissão Executiva do PCB, requereu seu desligamento da mesma, explicitando a disposição de lutar revolucionariamente junto às massas, em vez de ficar à espera das regras do jogo político e burocrático convencional que, segundo entendia, imperava na liderança. E quando já não havia outra solução, conforme suas próprias palavras fundou a ALN – Ação Libertadora Nacional para, de armas em punho, enfrentar a ditadura.

Na noite de 4 de novembro de 1969, surpreendido por uma emboscada, Carlos Marighella tombou varado pelas balas dos agentes da repressão. Em 1979, com o advento da Lei de Anistia, Marighella tem os seus restos mortais trasladados para Salvador, sua cidade natal, onde foi sepultado em túmulo projetado pelo seu amigo de décadas, Oscar Niemeyer.
Leia ainda abaixo textos da Comissão PRO-MEMORIAL MARIGHELLA VIVE,de Jorge Amado em homenagem ao líder revolucionário e versos escritos pelo próprio Marighella.
“Por tudo isso, celebrar a memória de Carlos Marighella, nestes quarenta anos que nos separam da sua covarde execução, é reafirmar o compromisso com a marcha do Brasil e da Nuestra America rumo à realização da nossa vocação histórica para a liberdade, para a igualdade social e para a solidariedade entre os povos. Celebrando a memória de Carlos Marighella, abrimos o diálogo com as novas gerações garantindo-lhes o resgate da verdade histórica. Reverenciando seu nome e sua luta, afirmamos nosso desejo de que nunca mais a violência dos opressores possa se realimentar da impunidade. Carlos Marighella está vivo na nossa memória e nas nossas lutas. “    
                    
                                                                                          
Saravá, Carlos!

Chegas de longa caminhada a este teu chão natal, território de tua infância e adolescência. Vens de um silêncio de dez anos, de um tempo vazio, quando houve espaço e eco apenas para a mentira e a negação. Quando te vestiram de lama e sangue, quando pretenderam te marcar com o estigma da infâmia, quando pretenderam enterrar na maldição tua memória e teu nome. Para que jamais se soubesse da verdade de tua gesta, da grandeza de tua saga, do humanismo que comandou tua vida e tua morte. Trancaram as portas e as janelas para que ninguém percebesse tua sombra erguida, nem ouvisse tua voz, teu grito de protesto.

Para que não frutificasses, não pudesses ser alento e esperança. Escreveram a história pelo avesso para que ninguém soubesse que eras pão e não erva daninha, que eras vozeiro de reivindicações e não pragas, que eras poeta do povo e não algoz. Cobriram-te de infâmia para que tua presença se apagasse para sempre, nunca mais fosse lembrada, desfeita em lama.

Esquartejaram tua memória, salgaram teu nome em praça pública, foste proibido em teu país e entre os teus.  Dez anos inteiros, ferozes, de calúnia e ódio, na tentativa de extinguir tua verdade, para que ninguém pudesse te enxergar. De nada adiantou tanta vileza, não passou de tentativa vã e malograda, pois aqui estás inteiro e límpido. Atravessaste a interminável noite da mentira e do medo, da desrazão e da infâmia, e desembarcas na aurora da Bahia, trazido por mãos de amor e de amizade. Aqui estás e todos te reconhecem como foste e serás para sempre: incorruptível brasileiro, um moço baiano de riso jovial e coração ardente. Aqui estás entre teus amigos e entre os que são tua carne e teu sangue.

Vieram te receber e conversar contigo, ouvir tua voz e sentir teu coração. Tua luta foi contra a fome e a miséria, sonhavas com a fartura e a alegria, amavas a vida, o ser humano, a liberdade. Aqui estás, plantado em teu chão e frutificarás. Não tiveste tempo para ter medo, venceste o tempo do medo e do desespero. Antonio de Castro Alves, teu irmão de sonho, te adivinhou num verso: “era o porvir em frente do passado. Estás em tua casa, Carlos; tua memória restaurada, límpida e pura, feita de verdade e amor. Aqui chegaste pela mão do povo. Mais vivo que nunca, Carlos”.

Ativistas mudam nome de rua para homenagear Marighella


No último dia 4, a Alameda Casa Branca, no bairro do Jardins (em São Paulo) amanheceu com placas de identificação com o nome Carlos Marighella, assassinado nesta rua, há 42 anos.
Segundo os ativistas de direitos humanos que participaram da ação, realizada nesta madrugada, a rua deve passar a se chamar Alameda Carlos Marighela.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

ALN versus Cabo Anselmo

A ALN não pode deixar de acompanhar de perto os fatos, e fenômenos, que dizem respeito ao período ditatorial de nosso país, assim como, manifestar-se frente as ações do sistema dominante que se apresentam como sendo uma proposta de compromisso com a verdade.
A entrevista do Cabo Anselmo vem a servir como um instrumento de reforço ao escárnio, e vergonha, que devemos ter de um período histórico de nosso país, que jamais, devemos esquecer para que ele jamais volte.
O material jornalístico abaixo descrito o link, serve também para exigirmos dos proprietários e formadores de opinião do programa Roda Viva, que os companheiros que foram oprimidos, torturados e perseguidos, tenham  o direito de expor, assim como o terrorista Cabo Anselmo teve, a sua VERDADE dos fatos e o seu compromisso com o nosso país. Compromisso esse, sim, voltado para o povo, para liberdade e por um Brasil melhor.

click aqui se o vídeo abaixo não passar adequadamente, ou se o seu computador não estiver com o software adequado:

http://tvcultura.cmais.com.br/rodaviva/cabo-anselmo-e-terceiro-assunto-mais-comentado-no-twitter


A entrevista:


Cabo Anselmo é terceiro assunto mais comentado no Twitter

Estreia de nova fase do Roda Viva trouxe interatividade para telespectadores e internautas.
Jornalismo
17/10/11 23:29 - Atualizado em 17/10/11 23:40
Cabo Anselmo
A estreia de Mario Sergio Conti no comando do Roda Viva fez sucesso na internet. Durante a exibição do programa, o nome do convidado figurou nos trending topics do Twitter. Ao fim do programa, era o segundo assunto mais comentado na rede de microblogging.
O chat online na página de transmissão também deu o que falar. Centenas de pessoas debateram, expuseram opiniões e enviaram perguntas para o programa.
Veja na íntegra a entrevista com Cabo Anselmo, o homem que marcou a história do Brasil nos tempos da ditadura militar:
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ALN apoia nota de repúdio a Cabo Anselmo


Seminário aprova moção contra TV por entrevistar Cabo Anselmo

OUTUBRO 18, 2011

Seminário aprova moção contra TV por entrevistar Cabo Anselmo. Entrevista do programa Roda Viva, da TV Cultura com ex-militar que delatou companheiros adversários da ditadura de 1964 custou à emissora paulista e seu conselho curador moção de repúdio aprovada no V Seminário Latino-Americano de Direitos Humanos. “TV sequer se deu ao trabalho de ouvir outro lado’, diz deputada Luíza Erundina, autora da moção.


Najla Passos

BRASÍLIA – A direção da TV Cultura de São Paulo e o conselho curador da Fundação Padre Anchieta, que mantém a emissora, foram alvo de uma moção de repúdio, aprovada por unanimidade, nesta terça-feira (18), durante o V Seminário Latino-Americano de Anistia e Direitos Humanos, que acontece em Brasília. O motivo foi a veiculação, na véspera, de entrevista com Cabo Anselmo.
A moção foi proposta pela deputada Luíza Erundina (PSB-SP), que considerou um acinte à memória do país que o programa Roda Viva tenha entrevistado o ex-militar que delatou diversos companheiros militantes à ditadura brasileira. “A TV Cultura sequer se deu ao trabalho de ouvir o outro lado”, disse.
A deputada sugeriu também que o documento reivindique a exibição de programa idêntico, com entrevista com representante das vítimas da ditadura. Para Erundina, a visão do Cabo Anselmo não pode ser passada como verdade absoluta e nem mesmo exclusiva sobre um dos períodos mais polêmicos da história do país.
Revisão da Lei da Anistia
Luíza Erundina foi ovacionada pelos participantes do Seminário ao propor uma revisão imediata da Lei da Anistia, de 1979. Segundo ela, a lei foi pactuada em um momento político em que a correlação de forças era desfavorável à sociedade civil e, por isso, seria injusta. “Nós ainda estávamos na ditadura. A sociedade começava a se reorganizar. Precisamos de uma lei mais justa, que não beneficie tanto os torturadores”, afirmou.
Contudo, projeto da deputada que propunha a revisão foi rejeitado, no fim de setembro, pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara. O texto defendia excluir da lei os agentes públicos que cometeram crimes na ditadura, incluindo torturas, execuções e prisões clandestinas.
A deputada aproveitou para criticar o projeto que cria a Comissão da Verdade, por não atender a necessidade social de se fazer a justiça histórica. “Mesmo que a Comissão seja mudada e aponte os culpados, eles não poderão ser punidos por causa da Lei da Anistia. Por isso, precisamos alterá-la e, também, garantir alterações para o projeto de lei que, agora, tramita no senado”, ressaltou.
Fonte:
http://minutonoticias.com.br/seminario-aprova-mocao-contra-tv-por-entrevistar-cabo-anselmo

sábado, 8 de outubro de 2011

Guerrilheiros da ALN prestigiam lançamento de livro

Neste dia 07/10/2011 ocorreu o lançamento do livro de Memórias de Gregório Bezerra, onde o líder comunista repassa a sua trajetória de vida e resgata um período da história política brasileira. O depoimento abrange o período entre seu nascimento (1900) até a libertação da prisão em troca do embaixador americano sequestrado, em 1969, e termina com sua chegada à União Soviética, onde permaneceria até a Anistia, em 1979. No exílio começou a escrever a sua autobiografia.
O evento foi rico e contou com palestras e a presença de pessoas que fazem o quadro diretivo da ALN conforme visto nas  imagens abaixo elencadas.

Vejam as fotos:

















sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Gregório Bezerra - lançamento de livro

 









 





LIVRO MEMÓRIAS DE GREGÓRIO BEZERRA É LANÇADO EM JOÃO PESSOA



Autobiografia é uma homenagem da Boitempo Editorial e a publicação vem acrescida de fotografias e textos inéditos num único volume.



O livro “Memórias”, de Gregório Bezerra, será lançado nesta sexta-feira (7/10), às 18h, no auditório da Central de Aulas da UFPB, como debate “Mística, Luta e Utopia: o papel do indivíduo na história – A vida de Gregório Bezerra”. Terá como debatedores os professores Lúcia de Fátima Guerra, Alder Júlio Calado, Maria de Nazaré Zenaide e Roberto Arraes. O lançamento acontece 32 anos após a edição, em 1979, da autobiografia daquele que é considerado ícone da resistência à ditadura militar e agora é homenageado pela Boitempo Editorial com a publicação acrescida de fotografias e textos inéditos e em um único volume.

O evento está sendo organizado pelo Setor de Estudos e Assessoria a Movimentos Populares (Seampo).

Autobiografia conta a trajetória do camponês pernambucano alfabetizado aos 27 anos que virou militar, um dos líderes do movimento comunista, foi torturado e se tornou símbolo da luta contra a ditadura.

“Memórias” conta com a contribuição de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha. Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da advogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arraes) Eduardo Campos, entre outros.

Em “Memórias”, o líder comunista repassa sua trajetória de vida e resgata um período da história política brasileira. O depoimento abrange o período entre seu nascimento (1900) até a libertação da prisão em troca do embaixador americano sequestrado, em 1969, e termina com sua chegada à União Soviética, onde permaneceria até a Anistia, em 1979. No exílio começou a escrever sua autobiografia.

Nascido em Panelas, no Agreste pernambucano, a 180 km de Recife, Gregório era filho de camponeses pobres, que perdeu ainda na infância, e com cinco anos de idade já trabalhava com a enxada na lavoura de cana-de-açúcar. Analfabeto até os 25 anos de idade e militante desde as primeiras movimentações de trabalhadores influenciados pela Revolução Russa de 1917, Bezerra teve papel de destaque em momentos políticos da esquerda brasileira, e por conta disso totalizou 23 anos de cárcere em diversos presídios e épocas. Foi deputado federal (o mais votado em 1946) pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e combatente do regime militar.

Contatos pelo telefone: (83) 3216-7388. / (83) 8835 - 4535
Fonte: 
 Agência de Notícias da UFPB

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Comunistas avante!

Comunistas, Cultura e Intelectuais entre os anos de 1940 e 1950



“(...) nosso partido surge na vida de nossa Pátria como a expressão das forças mais jovens da liberdade e da cultura e para as quais dirigem-se a ciência, a literatura e a arte de vanguarda, no constante combate que trava para o progresso e o aperfeiçoamento da civilização”.
Pedro Pomar in Partido Comunista e a liberdade de criação, 1946.



O papel central desempenhado pelos comunistas na luta contra o nazi-fascismo no Brasil e no mundo atraiu a simpatia de parcelas significativas da intelectualidade brasileira. O prestígio da URSS e de Luís Carlos Prestes, o “cavaleiro da esperança”, estava no seu auge. Artistas e intelectuais acorreram em massa ao Partido que representava as aspirações mais avançadas da humanidade.


Mesmo durante o Estado Novo (1937-1945) os comunistas mantiveram sob sua direção algumas publicações importantes que dedicavam grande espaço ao problema da cultura nacional. A revista Seiva da Bahia foi uma das primeiras publicações de esquerda criadas após a repressão de 1937. Nasceu já em 1938 e foi criação dos comunistas João Falcão, Rui Facó, Armênio Guedes, Diógenes Arruda e Jacob Gorender.


Nela foi publicada Mensagem à inteligência da América que convocava “todos os intelectuais do continente para união e a confraternização em defesa da cultura e do progresso da humanidade”. Na Bahia existia a secção mais ativa do PC do Brasil na ocasião, a repressão havia atingido duramente o partido no Rio, em São Paulo e Pernambuco. A revista foi fechada em 1943, após a publicação de uma entrevista com o general Manoel Rabelo, presidente da Sociedade Amigos da América, inimigo mortal do general direitista Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra de Vargas.

Mas, a principal publicação comunista a circular no final do Estado Novo foi a Continental, dirigida por Armênio Guedes e na qual colaboravam Milton Cayres de Brito, Ruy Facó, Mário Alves, Maurício Grabóis, Edison Carneiro entre outros. Depois de 1943 ela passou a ser o porta-voz oficioso da Comissão Nacional de Organização Provisória do Partido Comunista, defendendo sua política de “união nacional” e de “pacificação da família brasileira”. Mesmo assim, ela acabou sendo proibida de circular em 1944, na última grande investida repressiva do Estado Novo contra o PCB.

Os comunistas desde a década 1930 sempre se preocuparam em manter relações com a intelectualidade progressista. A Associação Brasileira de Escritores (ABDE) foi criada em 1942 por intelectuais democratas, em geral contrários ao Estado Novo. Desde o início os comunistas dela participaram tornando-se majoritário em sua direção a partir de 1945. Os comunistas também se envolveram na criação da União dos Trabalhadores Intelectuais (UTI), da qual participavam todas as categorias de trabalhadores, assalariados ou não, ligados ao trabalho não-manual – médicos, engenheiros, advogados, jornalistas, escritores, artistas etc. O objetivo da entidade era aumentar a participação destes setores no processo de democratização que vivia o país.

O Partido Comunista construiu uma ampla rede de informação que abarcava oito diários nos principais estados brasileiros: Tribuna Popular do Distrito Federal, Hoje de São Paulo, O momento da Bahia, Folha do Povo de Pernambuco, O Democrata do Ceará e a Tribuna Gaúcha do Rio Grande do Sul, O Estado de Goiás e Folha Capixaba do Espírito Santo. Criou até uma agência de notícias própria, a Interpress; através da qual realizava a distribuição das informações para publicações do partido em todo território nacional e alimentava pequenos jornais do interior que não eram ligados ao Partido Comunista.

O principal jornal comunista era, sem dúvida, a Tribuna Popular que possuía uma tiragem de 30 mil exemplares diários e chegou a atingir, no seu auge, em 1946, cerca de 50 mil exemplares vendidos diariamente, igualando-se aos jornais mais vendidos no período. Ressurgiu também A Classe Operária, como órgão oficial do Comitê Nacional do PCB.

Em 1947 a direção nacional do PCB colocou em circulação a revista Problemas, que seria o principal órgão teórico do Partido naqueles anos. Sua tiragem chegou a oito mil exemplares. Os comunistas paulistas lançaram em julho de 1948, Fundamentos - revista de cultura moderna. Elas resistiram até meados da década de 1950, quando da crise do movimento comunista.

O PCB publicava também o Momento Feminino, Terra Livre, Fundamentos, Emancipação, Divulgação Marxista, Revista do Povo, Horizonte, Paratodos, Literatura - esta última dirigida pelo veterano dirigente Astrojildo Pereira. O conselho editorial da revista Literatura era composto por Álvaro Moreyra, Aníbal Machado, Arthur Ramos, Graciliano Ramos, Orígenes Lessa e Manuel Bandeira. No cenário cultural brasileiro cumpriu um importante papel as revistas Paratodos, Horizonte e Literatura – hegemonizadas por intelectuais comunistas. Existiam ainda outras revistas de inspiração comunista como Artes Plásticas de São Paulo, Temário do Rio de Janeiro, Seara e Presença de Recife.

Entre 1944 e 1947 os comunistas retomaram uma atividade editorial intensa e sistemática. Leôncio Basbaum foi encarregado de organizar uma editora partidária em moldes empresariais. Nasceu assim o Editorial Vitória que seria a editora mais importante dos comunistas brasileiros nos anos de 1940 e 1950. Nos primeiros anos publicou Contos de Natal de Dickens, A mãe e Máximo Gorki entre outros títulos importantes. Nos anos de 1950 publicou a coleção “Romance do Povo”, que fez grande sucesso. A direção da coleção coube a Jorge Amado. A grande parte dela era composta por obras de autores soviéticos e quase nenhum brasileiro. A revista teórica dos comunistas, Problemas, também se caracterizou nestes anos pela pouca atenção dada ao Brasil e pelo excesso de artigos de autores comunistas estrangeiros, especialmente soviéticos e do leste europeu.

Este foi o período de maior influência dos comunistas entre os intelectuais brasileiros. O PCB adotou uma política cultural ampla e não sectária. Em 1946 Pedro Pomar e Jorge Amado publicaram o livro O Partido Comunista e a liberdade de criação, uma coletânea de artigos e discursos. Nele Jorge Amado escreveu: “O PC do Brasil pode se orgulhar de ter sido nos últimos 15 anos (...) o melhor apoio e incentivo dos escritores e artistas”. E continuou: “Nunca, jamais o Partido deixou de jogar todo o peso de sua influência para apoiar, sem sectarismos partidários, a literatura e as artes modernas no Brasil (...) jogamos na batalha pela sua vitória porque sabíamos, os comunistas, que esta era uma batalha nossa, uma batalha também contra o fascismo”.

Afirmou o dirigente comunista Pedro Pomar, “nosso partido surge na vida de nossa Pátria como a expressão das forças mais jovens da liberdade e da cultura e para as quais dirigem-se a ciência, a literatura e a arte de vanguarda, no constante combate que trava para o progresso e o aperfeiçoamento da civilização”. Este amor pela arte e pela cultura modernas não se estendia às correntes abstratas e formalistas, combatidas pelos comunistas.

O jornal Tribuna Popular trazia uma concorrida seção cultural semanal de três páginas. Nela se publicavam autores não filiados, mas que, segundo os editores, “divergiam honestamente dos comunistas”. Entre estes estavam Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Orígenes Lessa. Eram também publicados textos de escritores comunistas como Jorge Amado, Graciliano Ramos e Astrojildo Pereira.

O escritor Monteiro Lobato se aproximou do Partido, apoiando Prestes para o senado e votando nos candidatos comunistas para a Câmara dos Deputados e Assembléia Legislativa. Publicou um folheto popular defendendo o “Cavaleiro da Esperança”, intitulado O Zé Brasil. O nome do poeta Carlos Drummond de Andrade constou entre os primeiros diretores do jornal Tribuna Popular. Função da qual se afastou logo em seguida por não concordar com a posição dos comunistas contrária a queda de Vargas. Drummond defendeu a candidatura presidencial do Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN). Mas, para o senado votou em Prestes e Abel Chermont e para câmara federal votou numa chapa composta por comunistas.

Nestes anos de legalidade vários intelectuais foram candidatos pelo Partido Comunista entre eles Cândido Portinari, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Caio Prado Jr. etc. O próprio Carlos Drummond de Andrade foi convidado pessoalmente por Prestes para compor a lista de candidatos comunistas em 1945.

Organizavam-se exposições de artistas plásticos do Partido Comunista, nas quais se destacavam as obras de Cândido Portinari. Os artistas ilustravam jornais, revistas e outras publicações e colaboravam ativamente nas campanhas eleitorais e de finanças. No início dos anos 1950 organizaram clubes de gravuras por todo país.

A revista comunista Literatura, do primeiro semestre de 1947, foi dedicada ao centenário do poeta baiano Castro Alves. Este número publicou um manifesto da intelectualidade brasileira que afirmava: “Sem dúvida, a melhor forma de comemorar o centenário de Castro Alves consiste em reafirmar a fé patriótica que emerge do conteúdo da sua obra patriótica e democrática que emerge do conteúdo de sua obra como programa permanente de pensamento e ação ao serviço do povo”. Este foi o manifesto mais expressivo que a intelectualidade brasileira já havia produzido até então. Assinavam cerca de 300 intelectuais entre eles Afonso Arinos de Mello Franco, Astrojildo Pereira, Caio Prado Jr., Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, Otto Maria Carpeaux, Cândido Portinari, Hélio Peregrino, Sérgio Milliet, José Lins do Rego, Eneida, Prado Kelly. Este também foi o último documento da frente única cultural criada no final do Estado Novo.

Os comunistas ingressaram no mundo da arte cinematográfica e produziram diversos documentários de curtas-metragens sobre as atividades do Partido. Rui Santos criou uma empresa de produção cinematográfica chamada Liberdade Filmes. Esta produziu dois filmes “O comício de Prestes do Pacaembu” e “24 anos de luta”, ambos dirigidos e fotografado pelo próprio Rui Santos. O último filme tinha roteiro e texto de Astrojido Pereira, era narrado por Amarílio Vasconcelos e musicado por Gustav Mahler. Dele constavam depoimentos de Astrojildo Pereira, fundador do PCB, do escritor Jorge Amado e de outros comunistas históricos.

Nelson Pereira dos Santos, então jovem militante comunista, dirigiu dois documentários Juventude e Atividades Políticas em São Paulo. Os comunistas chegaram a produziu filmes de longa-metragem como Estrela da Manhã (1950) – com argumento de Jorge Amado, roteiro de Rui Santos e direção de Jonald Santos. As músicas eram do maestro Radamés Gnattali e Dorival Caimmi. Envolveram-se até mesmo numa co-produção com a República Democrática Alemã intitulada Rosa dos Ventos, baseada num texto do próprio Jorge Amado.

Os comunistas foram os principais animadores do movimento cineclubista. No Clube de Cinema da Bahia, dirigido pelo comunista Walter da Silveira, se formou um diretor como Glauber Rocha. Eles chegaram organizar uma empresa para distribuir filmes, a Tabajara Filme.

Esta situação foi sensivelmente alterada com o fechamento do Partido (1947), a cassação dos mandatos parlamentares (1948) e o acirramento da guerra fria no final da década de 1940 e início da década de 1950. A política cultural do PCB se tornou cada vez mais estreita e sectária. O crescimento do sectarismo no campo cultural no Brasil coincidiu com o amplo predomínio das idéias de Jdanov na política cultural soviética. Tivemos, então, o afastamento gradual de inúmeros intelectuais e artistas brasileiros do campo de influência comunista. Entre eles estavam Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Érico Veríssimo, Otto Maria Carpeaux. Àlvaro Lins, Alceu Amoroso Lima.

Um dos momentos mais dramáticos do processo de cisão da intelectualidade brasileira ocorreu durante a eleição da Associação Brasileira de Escritores, ocorrida em março de 1949. Surgiram, pela primeira vez, duas chapas: uma apoiada pelos comunistas e outra pelos setores liberais-democráticos. Da chapa de oposição liberal participavam Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Afonso Arinos de Melo Franco, Otto Maria Carpeaux entre outros – a grande parte deles havia assinado o manifesto de 1947 e apoiado os candidatos comunistas. Os intelectuais chegaram a entrar em confronto físico pela ata da reunião. O próprio Carlos Drummond de Andrade foi agredido. Os comunistas ganharam a eleição, mas a organização se esvaziou, perdeu seu caráter unitário – de frente única cultural – e toda importância que teve nos anos anteriores.
Intelectuais paulistas não comunistas, como Antônio Cândido e Sérgio Milliet, passaram a ser taxados pela revista Fundamentos de “escória cultural da terra, em que pontificam tarados, renegados, lumpens e até mesmo alguns retardados mentais”. Um artigo emblemático desta fase foi o de Osvaldo Peralva, intitulado “Os intelectuais que traíram o povo”, publicado na revista Paratodos. Sobre Carlos Drummond ele afirmou: “anticomunista raivoso, para quem a lealdade jamais constituiu uma pedra no meio do caminho”. O crítico comunista Emílio Carréra Guerra, referindo-se ao grande poeta, escreveu: “Essa doença que lhes faz ver tudo negro, num mundo de problemas e contradições sem saída, é próprio de sua gente, da classe podre, arcaica, degenerada e moribunda”.

Magoado com a atitude dos comunistas afirmou o poeta Manuel Bandeira: “Houve um tempo em que vi com bons olhos os nossos comunistas (...) O episódio da ABDE me abriu os olhos. Hoje sou insultado por eles ao mesmo tempo em que sou tido como comunista por muita gente”. Drummond escreveu em seu diário: “eles pouco entendiam o nosso ponto de vista (...) A idéia de uma associação de escritores livres, sem direção sectária, parece inconcebível para eles, que, em vez de convivência pacífica, preferem assumir o domínio pleno da organização”. A crise se agravou ainda mais em 1956, quando no XX° Congresso do PCUS Krushov apresentou seu relatório secreto denunciando os crimes de Stálin. Este teve um impacto devastador sobre parcelas da intelectualidade partidária. O próprio Jorge Amado escreveu no jornal Imprensa Popular: “Sinto a lama e o sangue em torno de mim”. Vários intelectuais abandonaram o Partido ou foram afastados.

No inicio da década de 1960 começou a se forjar uma nova frente única de intelectuais progressistas. Desta vez formou-se em torno do projeto nacional-desenvolvimentista que teve como um dos seus principais momentos a luta pelas reformas de base, apregoadas pelo presidente João Goulart. Formou-se então o Comando dos Trabalhadores Intelectuais (CTI) que, ao lado da CGT e da UNE, vanguardeou a formação de uma frente nacionalista pró-reformas. Foi a época do teatro de Arena, do CPC da UNE, da série Cadernos do Povo Brasileiro e Violão de Rua, da editora Civilização Brasileira, comandada pelo comunista Ênio da Silveira. Estes foram marcos desta efervescência cultural existente no país.

No entanto, naquele momento, o movimento comunista estava em pleno processo de cisão. O Brasil teria desde 1962 dois partidos comunistas: o PC brasileiro e o PC do Brasil. A grande maioria dos intelectuais e artistas ficou com o PCB, dirigido por Prestes. Esta agremiação se tornou hegemônica nos meios intelectuais progressistas brasileiros durante toda a década de 1960, mesmo após o golpe militar de 1964. Mas, esta já é outra história.