quinta-feira, 15 de março de 2012
MANIFESTO CONTRA TORTURADORES
Manifesto repudia torturadores12/3/2012
Por iniciativa do jornalista Aton Fon, uma das vítimas de bestiais
torturas durante a ditadura militar, entidades representativas e
personalidades destacadas de São Paulo lançaram manifesto de repúdio à
manifestação de militares da reserva que “tentam golpear a democracia e
envolver as Forças Armadas dos dias de hoje na defesa dos crimes
cometidos”.
Firmada pela ABI, a declaração, intitulada “Instalar imediatamente a
Comissão da Verdade. Punir os militares que afrontam a democracia”, tem o
seguinte teor:
“Testemunhamos nos últimos dias, entre militares da reserva, o ressurgir
de vozes lúgubres, de oposição à criação e ao funcionamento da Comissão
Nacional da Verdade.
As manobras dos indivíduos que buscam calar o direito à Memória, à
Verdade e à Justiça tentam, por um lado, golpear a democracia, atingir e
desmoralizar o governo federal e suas autoridades; por outro lado,
envolver as Forças Armadas dos dias de hoje na defesa dos crimes
cometidos, há décadas, pela Ditadura Militar, e implicá-las na defesa de
militares e civis que foram os executores desses crimes.
O chamado “Manifesto à Nação” assinado por militares da reserva, entre
os quais conhecidos torturadores, é uma enorme afronta ao governo
federal legitimamente eleito e aos Poderes da República, e seus ataques à
Comissão Nacional da Verdade são inadmissíveis.
Externamos nosso integral apoio à decisão da presidenta Dilma Rousseff e
do ministro da Defesa, Celso Amorim, de punir esses autores de crimes
de desacato, e reiteramos a necessidade da instalação imediata da
Comissão Nacional da Verdade, único instrumento capaz de investigar,
conhecer e divulgar a verdade sobre as graves violações de direitos
humanos praticadas pelos órgãos de repressão da Ditadura Militar, e a
sanção de seus autores, nos termos da sentença da Corte Interamericana
de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal quanto aos crimes
permanentes.
Por fim, face ao crescimento das adesões de militares a esse manifesto
de vocação golpista, a punição aos seus subscritores tornou-se uma
questão não só imprescindível, como urgente, sob pena de fragilizarem-se
a democracia e os Poderes constitucionais da República.
Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça
Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.”
